sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Bicho...

... E nisso o Rio tá em guerra. Parece que a coisa tá feia, mesmo...

Sorvete quentásso (com espinhos e carinho)

Antes que me esqueça de deixar este presentin pra moçada!
Presentárásso!!



... pra Thiago e Gabriel.


Porrada!

Na ordem da desobediência



Esse aí entra pro "coisas mais bonitas dos últimos tempos".

Piraí!

The Tallest Man On Earth

Oiça



Aqui!

sábado, 17 de outubro de 2009

O Amor em Visita

de Herberto Helder

Dai-me uma jovem mulher com sua harpa de sombra
e seu arbusto de sangue. Com ela
encantarei a noite.
Dai-me uma folha viva de erva, uma mulher.
Seus ombros beijarei, a pedra pequena
do sorriso de um momento.
Mulher quase incriada, mas com a gravidade
de dois seios, com o peso lúbrico e triste
da boca. Seus ombros beijarei.

Cantar? Longamente cantar,
Uma mulher com quem beber e morrer.
Quando fora se abrir o instinto da noite e uma ave
o atravessar trespassada por um grito marítimo
e o pão for invadido pelas ondas,
seu corpo arderá mansamente sob os meus olhos palpitantes
ele — imagem inacessível e casta de um certo pensamento
de alegria e de impudor.

Seu corpo arderá para mim
sobre um lençol mordido por flores com água.
Ah! em cada mulher existe uma morte silenciosa;
e enquanto o dorso imagina, sob nossos dedos,
os bordões da melodia,
a morte sobe pelos dedos, navega o sangue,
desfaz-se em embriaguez dentro do coração faminto.
— Ó cabra no vento e na urze, mulher nua sob
as mãos, mulher de ventre escarlate onde o sal põe o espírito,
mulher de pés no branco, transportadora
da morte e da alegria!

Dai-me uma mulher tão nova como a resina
e o cheiro da terra.
Com uma flecha em meu flanco, cantarei.

E enquanto manar de minha carne uma videira de sangue,
cantarei seu sorriso ardendo,
suas mamas de pura substância,
a curva quente dos cabelos.
Beberei sua boca, para depois cantar a morte
e a alegria da morte.

Dai-me um torso dobrado pela música, um ligeiro
pescoço de planta,
onde uma chama comece a florir o espírito.
À tona da sua face se moverão as águas,
dentro da sua face estará a pedra da noite.
- Então cantarei a exaltante alegria da morte.

Nem sempre me incendeiam o acordar das ervas e a estrela
despenhada de sua órbita viva.

- Porém, tu sempre me incendeias.
Esqueço o arbusto impregnado de silêncio diurno, a noite
imagem pungente
com seu deus esmagado e ascendido.
- Porém, não te esquecem meus corações de sal e de brandura.

Entontece meu hálito com a sombra,
tua boca penetra a minha voz como a espada
se perde no arco.
E quando gela a mãe em sua distância amarga, a lua
estiola, a paisagem regressa ao ventre, o tempo
se desfibra - invento para ti a música, a loucura
e o mar.

Toco o peso da tua vida: a carne que fulge, o sorriso,
a inspiração.

E eu sei que cercaste os pensamentos com mesa e harpa.
Vou para ti com a beleza oculta,
o corpo iluminado pelas luzes longas.
Digo: eu sou a beleza, seu rosto e seu durar. Teus olhos
transfiguram-se, tuas mãos descobrem
a sombra da minha face. Agarro tua cabeça
áspera e luminosa, e digo: ouves, meu amor?, eu sou
aquilo que se espera para as coisas, para o tempo -
eu sou a beleza.
Inteira, tua vida o deseja. Para mim se erguem
teus olhos de longe. Tu própria me duras em minha velada beleza.

Então sento-me à tua mesa. Porque é de ti
que me vem o fogo.
Não há gesto ou verdade onde não dormissem
tua noite e loucura,
não há vindima ou água
em que não estivesses pousando o silêncio criador.
Digo: olha, é o mar e a ilha dos mitos
originais.
Tu dás-me a tua mesa, descerras na vastidão da terra
a carne transcendente. E em ti
principiam o mar e o mundo.

Minha memória perde em sua espuma
o sinal e a vinha.
Plantas, bichos, águas cresceram como religião
sobre a vida - e eu nisso demorei
meu frágil instante. Porém
teu silêncio de fogo e leite repõe
a força maternal, e tudo circula entre teu sopro
e teu amor. As coisas nascem de ti
como as luas nascem dos campos fecundos,
os instantes começam da tua oferenda
como as guitarras tiram seu início da música nocturna.

Mais inocente que as árvores, mais vasta
que a pedra e a morte,
a carne cresce em seu espírito cego e abstracto,
tinge a aurora pobre,
insiste de violência a imobilidade aquática.
E os astros quebram-se em luz sobre
as casas, a cidade arrebata-se,
os bichos erguem seus olhos dementes,
arde a madeira - para que tudo cante
pelo teu poder fechado.
Com minha face cheia de teu espanto e beleza,
eu sei quanto és o íntimo pudor
e a água inicial de outros sentidos.

Começa o tempo onde a mulher começa,
é sua carne que do minuto obscuro e morto
se devolve à luz.
Na morte referve o vinho, e a promessa tinge as pálpebras
com uma imagem.
Espero o tempo com a face espantada junto ao teu peito
de sal e de silêncio, concebo para minha serenidade
uma ideia de pedra e de brancura.
És tu que me aceitas em teu sorriso, que ouves,
que te alimentas de desejos puros.
E une-se ao vento o espírito, rarefaz-se a auréola,
a sombra canta baixo.

Começa o tempo onde a boca se desfaz na lua,
onde a beleza que transportas como um peso árduo
se quebra em glória junto ao meu flanco
martirizado e vivo.
- Para consagração da noite erguerei um violino,
beijarei tuas mãos fecundas, e à madrugada
darei minha voz confundida com a tua.

Oh teoria de instintos, dom de inocência,
taça para beber junto à perturbada intimidade
em que me acolhes.

Começa o tempo na insuportável ternura
com que te adivinho, o tempo onde
a vária dor envolve o barro e a estrela, onde
o encanto liga a ave ao trevo. E em sua medida
ingénua e cara, o que pressente o coração
engasta seu contorno de lume ao longe.
Bom será o tempo, bom será o espírito,
boa será nossa carne presa e morosa.
- Começa o tempo onde se une a vida
à nossa vida breve.

Estás profundamente na pedra e a pedra em mim, ó urna
salina, imagem fechada em sua força e pungência.
E o que se perde de ti, como espírito de música estiolado
em torno das violas, a morte que não beijo,
a erva incendiada que se derrama na íntima noite
- o que se perde de ti, minha voz o renova
num estilo de prata viva.

Quando o fruto empolga um instante a eternidade
inteira, eu estou no fruto como sol
e desfeita pedra, e tu és o silêncio, a cerrada
matriz de sumo e vivo gosto.
- E as aves morrem para nós, os luminosos cálices
das nuvens florescem, a resina tinge
a estrela, o aroma distancia o barro vermelho da manhã.
E estás em mim como a flor na ideia
e o livro no espaço triste.

Se te apreendessem minhas mãos, forma do vento
na cevada pura, de ti viriam cheias
minhas mãos sem nada. Se uma vida dormisses
em minha espuma,
que frescura indecisa ficaria no meu sorriso?
- No entanto és tu que te moverás na matéria
da minha boca, e serás uma árvore
dormindo e acordando onde existe o meu sangue.

Beijar teus olhos será morrer pela esperança.
Ver no aro de fogo de uma entrega
tua carne de vinho roçada pelo espírito de Deus
será criar-te para luz dos meus pulsos e instante
do meu perpétuo instante.
- Eu devo rasgar minha face para que a tua face
se encha de um minuto sobrenatural,
devo murmurar cada coisa do mundo
até que sejas o incêndio da minha voz.

As águas que um dia nasceram onde marcaste o peso
jovem da carne aspiram longamente
a nossa vida. As sombras que rodeiam
o êxtase, os bichos que levam ao fim do instinto
seu bárbaro fulgor, o rosto divino
impresso no lodo, a casa morta, a montanha
inspirada, o mar, os centauros do crepúsculo
- aspiram longamente a nossa vida.

Por isso é que estamos morrendo na boca
um do outro. Por isso é que
nos desfazemos no arco do verão, no pensamento
da brisa, no sorriso, no peixe,
no cubo, no linho, no mosto aberto
- no amor mais terrível do que a vida.

Beijo o degrau e o espaço. O meu desejo traz
o perfume da tua noite.
Murmuro os teus cabelos e o teu ventre, ó mais nua
e branca das mulheres. Correm em mim o lacre
e a cânfora, descubro tuas mãos, ergue-se tua boca
ao círculo de meu ardente pensamento.
Onde está o mar? Aves bêbedas e puras que voam
sobre o teu sorriso imenso.
Em cada espasmo eu morrerei contigo.

E peço ao vento: traz do espaço a luz inocente
das urzes, um silêncio, uma palavra;
traz da montanha um pássaro de resina, uma lua
vermelha.
Oh amados cavalos com flor de giesta nos olhos novos,
casa de madeira do planalto,
rios imaginados,
espadas, danças, superstições, cânticos, coisas
maravilhosas da noite. Ó meu amor,
em cada espasmo eu morrerei contigo.

De meu recente coração a vida inteira sobe,
o povo renasce,
o tempo ganha a alma. Meu desejo devora
a flor do vinho, envolve tuas ancas com uma espuma
de crepúsculos e crateras.

Ó pensada corola de linho, mulher que a fome
encanta pela noite equilibrada, imponderável -
em cada espasmo eu morrerei contigo.

E à alegria diurna descerro as mãos. Perde-se
entre a nuvem e o arbusto o cheiro acre e puro
da tua entrega. Bichos inclinam-se
para dentro do sono, levantam-se rosas respirando
contra o ar. Tua voz canta
o horto e a água - e eu caminho pelas ruas frias com
o lento desejo do teu corpo.
Beijarei em ti a vida enorme, e em cada espasmo
eu morrerei contigo.

do amigo Chico

Surpresa carioca



Surpresa

Design pelo mundo!

Chá


Água



Café



Vinho


The two famous wine regions of Margaret River and McLaren Vale and the two talented wine makers created one wine. Using grapes from the Margaret River (WA) and McLaren Vale (SA) in the one wine had not been done before due to the vast distances between the regions.
Mash’s solution was to tell the story behind the brand through the packaging itself. Co-incidentally the 2 wine makers both shared the same last name, ‘Lane’. Hence the brand name ‘Changing Lanes’. As the bottle is tilted the face on the label changes from Mark Lane to Justin Lane (the two wine makers in question).

The Changing Lanes packaging won the coveted Yellow Pencil award at the 2008 D&AD’s, an international branding and design awards show based in the UK.



Visite!

Cocô verídico




Um dia de merda

O que é um peido para quem está todo cagado?


A expressão do título é conhecida de todos, mas o texto que a
originou é menos. É uma obra de Luis Fernando Veríssimo sobre a
obra veríssima que ele fez numa viagem para Miami.
Aeroporto Santos Dumont , 15:30..

Senti um pequeno mal-estar causado por uma cólica intestinal, mas
nada que uma urinada ou uma barrigada não aliviasse.

Mas,atrasado para chegar ao ônibus que me levaria para o Galeão,
de onde partiria o vôo para Miami, resolvi segurar as pontas.Afinal
de contas são só uns 15 minutos de busão..'Chegando lá, tenho
tempo de sobra para dar aquela mijadinha esperta, tranqüilo, o avião
só sairía às 16:30'.
Entrando no ônibus, sem sanitários. Senti a primeira contração e
tomei consciência de que minha gravidez fecal chegara ao nono mês e
que faria um parto de cócoras assim que entrasse no banheiro do
aeroporto.

Virei para o meu amigo que me acompanhava e, sutil falei:
'Cara, mal posso esperar para chegar na merda do aeroporto porque
preciso largar um barro.'

'Nesse momento, senti um urubu beliscando minha cueca, mas botei
a força de vontade para trabalhar e segurei a onda.'
O ônibus nem tinha começado a andar quando, para meu desespero,
uma voz disse pelo alto falante: 'Senhoras e senhores, nossa
viagem entre os dois aeroportos levará em torno de 1hora, devido a
obras na pista.

'Aí o urubu ficou maluco querendo sair a qualquer custo'.
Fiz um esforço hercúleo para segurar o trem merda que estava para
chegar na estação ânus a qualquer momento.
Suava em bicas. Meu amigo percebeu e, como bom amigo que era,
aproveitou para tirar um sarro.

O alívio provisório veio em forma de bolhas estomacais, indicando
que pelo menos por enquanto as coisas tinham se acomodado. Tentava me
distrair vendo TV, mas só conseguia pensar em um banheiro, não com
uma privada , mas com um vaso sanitário tão branco e tão limpo que
alguém poderia botar seu almoço nele. E o papel higiênico então:
branco e macio, com textura e perfume e, ops, senti um volume
almofadado entre meu traseiro e o assento do ônibus e percebi,
consternado, que havia cagado. Um cocô sólido e comprido daqueles
que dão orgulho de pai ao seu autor.
Daqueles que dá vontade de ligar pros amigos e parentes e
convidá-los a apreciar na privada.

Tão perfeita obra, dava pra expor em uma bienal.

Mas sem dúvida, a situação tava tensa. Olhei para o meu amigo,
procurando um pouco de piedade, e confessei sério:
'Cara, caguei!'

Quando meu amigo parou de rir, uns cinco minutos depois,
aconselhou-me a relaxar, pois agora estava tudo sob controle.

'Que se dane, me limpo no aeroporto', pensei.
'Pior que isso não fico'.

Mal o ônibus entrou em movimento, a cólica recomeçou forte.
Arregalei os olhos, segurei-me na cadeira mas não pude evitar, e sem
muita cerimônia ou anunciação, veio a segunda leva de merda. Desta
vez, como uma pasta morna. Foi merda para tudo que é lado, borrando,
esquentando e melando a bunda, cueca, barra da camisa, pernas,
panturrilha, calças, meias e pés.
E mais uma cólica anunciando mais merda, agora líqüida, das que
queimam o fiofó do freguês ao sair rumo a liberdade. E depois um
peido tipo bufa, que eu nem tentei segurar. Afinal de contas, o que
era um peidinho para quem já estava todo cagado...
Já o peido seguinte, foi do tipo que pesa. E me caguei pela quarta
vez. Lembrei de um amigo que certa vez estava com tanta caganeira que
resolveu botar modess na cueca, mas colocou as linhas adesivas viradas
para cima e quando foi tirá-lo levou metade dos pêlos do rabo junto.
Mas era tarde demais para tal artifício absorvente. Tinha menstruado
tanta merda que nem uma bomba de cisterna poderia me ajudar a limpar
a sujeirada.
Finalmente cheguei ao aeroporto e saindo apressado com passos
curtinhos, supliquei ao meu amigo que apanhasse minha mala no
bagageiro do ônibus e a levasse ao sanitário do aeroporto para que
eu pudesse trocar de roupas. Corri ao banheiro e entrando de boxe em
boxe, constatei falta de papel higiênico em todos os cinco.
Olhei para cima e blasfemei: 'Agora chega, né?'

Entrei no último, sem papel mesmo, e tirei a roupa toda para
analisar minha situação (que concluí como sendo o fundo do poço)
e esperar pela minha salvação, com roupas limpinhas e cheirosinhas
e com ela uma lufada de dignidade no meu dia.
Meu amigo entrou no banheiro com pressa, tinha feito o
'check-in' e ia correndo tentar segurar o vôo. Jogou por
cima do boxe o cartão de embarque e uma maleta de mão e saiu antes
de qualquer protesto de minha parte. 'Ele tinha despachado a mala
com roupas'.
Na mala de mão só tinha um pulôver de gola 'V'.

A temperatura em Miami era de aproximadamente 35 graus.

Desesperado comecei a analisar quais de minhas roupas seriam, de
algum modo, aproveitáveis. Minha cueca, joguei no lixo. A camisa era
história.
As calças estavam deploráveis e assim como minhas meias, mudaram
de cor tingidas pela merda . Meus sapatos estavam nota 3, numa escala
de 1 a 10.
Teria que improvisar. A invenção é mãe da necessidade, então
transformei uma simples privada em uma magnífica máquina de lavar.
Virei a calça do lado avesso, segurei-a pela barra, e mergulhei a
parte atingida na água. Comecei a dar descarga até que o grosso da
merda se desprendeu. Estava pronto para embarcar.
Saí do banheiro e atravessei o aeroporto em direção ao portão de
embarque trajando sapatos sem meias, as calças do lado avesso e
molhadas da cintura ao joelho (não exatamente limpas) e o pulôver
gola 'V', sem camisa. Mas caminhava com a dignidade de um
lorde.
Embarquei no avião, onde todos os passageiros estavam esperando o
'RAPAZ QUE ESTAVA NO BANHEIRO' e atravessei todo o corredor
até o meu assento, ao lado do meu amigo que sorria.

A aeromoça aproximou-se e perguntou se precisava de algo.
Eu cheguei a pensar em pedir 120 toalhinhas perfumadas para
disfarçar o cheiro de fossa transbordante e uma gilete para cortar
os pulsos, mas decidi não pedir:

'Nada, obrigado.'

Eu só queria esquecer este dia de merda . Um dia de merda...

Luis Fernando Veríssimo

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

De arrepiar -a continuação-

Indicação especial do Thiago Sá. (como sempre!)



É tão bonito, tão especial, tão tocante, tão... Que vai logo o álbum inteiro! =)



Pode levar!

sexta-feira, 2 de outubro de 2009