quinta-feira, 16 de abril de 2009

sobre "tios e tias"




Quando o Caetano, em 2006, lançou o , boa parte da crítica, dos fãs, músicos, dos seguidores etc., etc., ficou perplexa, ou, no mínimo, surpresa com a obra. O tal quereres tinha ido longe demais...
Não que o álbum fosse absurdo, ou extremamente inovador. O que era desmedido, era novamente o fato de Caetano Veloso invadir um território com muita elegância, muita consciência.

Eu acompanhei de “muito perto” a feitura de Zii & Zie através do Obra em Progresso. Além do blog, que lia e comentava com voracidade e amor, fui ao último show da Obra, que virará DVD (foi a primeira vez que assisti a um show do Caetano, na segunda fila do Oi Casa Grande; e como se não bastasse, ainda o cumprimentei e conversei por longuíssimos 2 minutos). Aliás, a volta do blog Phiattro (o antigo, com link à direita, me foi roubado pela Globo!) se deve ao fato de eu ter me reaproximado com muito gosto pela escrita lendo e escrevendo para Caetano.

Como já havia dito no Obra, através das várias discussões sobre internet, pirataria, download, etc., nas quais eu sempre defendi uma discussão muito mais ampla, nos âmbitos social e governamental, enaltecendo o valor democrático da internet livre em países pobres e em desenvolvimento, eu não compraria o disco (por R$ 40,00? Jamais) e sim, o baixaria. Um ato político contra o fato da grande indústria, ainda hoje, lidar com extrema leviandade a despeito das conquistas sociais, culturais e educativas da circulação de conhecimento na internet.

Foi o que aconteceu. Com muita felicidade, na nova comunidade do Orkut Discografias – O retorno, encontrei o álbum completo para download. Por um lado pesou a sensação coruja de ver o álbum realizado; obra exaustivamente comentada nos “cômoros” daquele blog maravilhoso. Por outro lado, novamente o assombro. O monstro Pedro Sá; elegante, meticuloso, decisivo, especial. Marcelo Callado, absurdamente consciente, peça chave da construção dos transambas. Ricardo Dias Gomes, exato e simples. Moreno Veloso, toque necessário e responsável. E Caetano... um vinho.

Eu fico abismado com a relação que o Caetano desenvolveu com o canto nos últimos 20 anos. Eu acho bonita e muito reveladora a produção dele antes do Estrangeiro (1989). Mas parece que no Estrangeiro, ele se declara (intimamente) intérprete. O que me deixa estarrecido quando ouço Zii & Zie, é justamente a impressão de ouvir um perfeito intérprete de si mesmo.

Li muita coisa por aí, em jornais e revistas sobretudo, dizendo que era um disco bom mas sem unidade. Acho essa escuta imatura. A unidade são os transambas, a canção entortada, a bateria em transloop contra um baixo em transdesaceleração, o canto novo de um Caetano entrando na velhice. Aí sim... pretensão valiosa.

Valeu Caetano, valeu BandaCê.

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