sábado, 26 de setembro de 2009
Cibercultura e cultura digital
As diversas combinações virtuais que imprimem e configuram variantes ao mundo da cultura no século XXI, como a profusão dos diálogos, o compartilhamento do conhecimento do mundo como forma de democracia, a inversão da ideia de escolha na relação sujeito-mídia, sujeito-indústria, a apropriação e re-utilização do copyright e, sobretudo, a possibilidade de inventarmo-nos como seres pensantes, criativos e criadores, me interessam profundamente.
Lamento que figuras como Jorde Du Peixe e Zero Quatro, percebam as mudanças na cultura com um olhar tão pequeno. Estes artistas não me representam.
Cultura Digital.br
Laymert Garcia dos Santos
Sociólogo
Como você vê o impacto da cultura digital?
O impacto o digital na cultura é imenso e as pessoas não têm muita noção do que isso significa, porque as pessoas pensam que a cultura pode ser a mesma no mundo digital, ou que a cultura pode ser a mesma, você digitalizando a cultura, levando-a, digamos, para o mundo digital. Traduzindo para o mundo digital. Na minha perspectiva, é outra história, porque não se trata só de uma digitalização da cultura, mas da criação de uma outra cultura, com outros referenciais, com uma outra cientificidade operatória (ou seja, uma outra maneira, um outro conceito de cultura) e uma outra maneira de conceber o que deve ser considerado ou não cultura e de como é que você olha as outras culturas, que não são a cultura de um cibernético. Eu prefiro chamar cultura cibernética do que cultura só digital. Inclusive porque eu considero que essa cultura cibernética trata a cultura moderna como uma cultura tradicional, apagando a fronteira que existia aqui entre o tradicional e o moderno (as chamadas culturas tradicionais e a cultura moderna). E, ao tratar a cultura moderna como também sendo de um outro tempo, como cultura tradicional, ela permite uma reavaliação completa das outras culturas com relação ao moderno, e da moderna e das tradicionais com relação a essa cibercultura. Então é uma questão muito maior do que só uma utilização, uma tradução ou transposição do que é cultura para o mundo digital ou, enfim, para a chamada realidade virtual. É muito mais do que isso. É uma reconfiguração da própria noção de cultura e da noção de conhecimento, inclusive, que está junto com a noção de cultura. Foucault percebeu que talvez a gente esteja indo para uma formação outra, esteja entrando numa outra formação histórica e que há uma transformação de fundo no campo da vida, do trabalho e da linguagem. Que são os três campos fundamentais para mostrar que nós estamos caminhando para uma outra configuração. Hemínio Martines, um sociólogo da tecnologia português, que era professor em Oxford, um erudito que realmente acompanha o processo de evolução, fez um mapeamento, depois da virada cibernética, do que é que se cibernetizou, e fala da física à teologia. Quer dizer, passa de todo o campo das ciências chamadas duras, para ciências humanas, para filosofia, para os estudos de linguagem, para a teologia – o que dá uma idéia da reconfiguração, do próprio modo de entender o mundo, o entendimento do humano. Portanto, toda a cultura está passando por esse processo de transformação. E o modo como isso é pensado é diferente do que o modo tanto de como essas questões eram pensadas nas culturas tradicionais, quanto na cultura moderna.
Você prefere o termo cibercultura à cultura digital?
Quando você fala cultura digital,está falando só da dimensão novas mídias e está falando, digamos, dos processos de digitalização da cultura. Como eu acho que é mais amplo, eu prefiro cultura cibernética, porque esse termo abrange, até do ponto de vista conceitual, não só os processos todos, mas a transformação da forma que lidamos com eles. Nesse sentido eu prefiro a expressão cibernética ao invés de digital. De qualquer forma, o termo cultura digital já pegou, portanto ele é um elo importante. Mas você pode dar uma consistência maior para esse conceito e fazer entrar nele a dimensão de conhecimento que o referencial é outro, o pensamento é outro e o modo de pensar a cultura é outro. O que estamos vivendo não é um prolongamento do que ocorria antes. No meu entendimento, pelo menos, não é. Há uma ruptura.
Em outra entrevista, você lembrou da importância de repensar as culturas indígenas, pela sua capacidade de nos mostrar outros virtuais. podia aprofundar um pouco essa questão?
Eu posso dar um exemplo disso, que é um caso muito concreto. O que a vida cibernética trouxe? Ela trouxe a noção de informação. O que é a informação? Informação é a terceira dimensão da matéria, junto com a massa e a energia. Portanto, quando a informação começa a ser central na elaboração e até na própria definição do que é o real, o entendimento a partir dessa noção de informação (que é a diferença que faz a diferença), ao ser central na cultura contemporânea, é necessário começar a ver também as outras culturas a partir dessa noção. Se você começa a ver as suas culturas a partir dessa noção, você começa a notar o seguinte: a alta tecnologia lida com atualizações do virtual, de potências virtuais (ou potências do virtual, da dimensão virtual da realidade), não da realidade virtual, mas da dimensão virtual da realidade, e ao lidar com essas potências, ela atualiza um determinado número de potências de uma determinada maneira. Os yanomami, eles atualizam essas potências de outro modo, porque eles escolheram uma outra via, que a gente pode considerar como outras tecnologias de acesso ao novo virtual e de atualização desse mundo virtual. Se você conversa, por exemplo, com um antropólogo, como o Bruce Albert, que acompanha e discute filosofia, com o Davi Yanomami, ele vai dizer para você o seguinte: “A questão do xamanismo é uma questão de resolução audiovisual, é uma questão de resolução de imagem e de som.” Eles têm tecnologias específicas extremamente avançadas, altamente sofisticadas de resolução de imagem e de som, que passam pelos processos xamanístico que nós não conhecemos. Então, colocar os yanomami em diálogo, por exemplo, com quem está pensando a alta tecnologia, poderia ser uma grande contribuição. Considerando a cultura deles tão importante quanto a nossa, mas que tenham escolhido uma outra via que a nossa para esse acesso ao virtual. O interessante é você ver os pontos de contato entre quais são as maneiras de você, digamos, encontrar resolução de imagens e sons na nossa cultura e na cultura deles. Isso só é possível se começarmos a considerar a cultura deles sob um outro prisma e tentar entrar em contato com ela a partir de uma perspectiva da qual ela também é interessante para o nosso desenvolvimento. E os yanomami também querem falar no celular, tirar foto digital, gravar. Então ele também tem um interesse em conversar com a gente a respeito desse outro lado, dessa outra tecnologia. Isso é possível justamente porque nós não estamos mais no terreno moderno.
O Eduardo Viveiros de Castro fala que “o mundo metafísico ocidental é o oposto ao mundo metafísico indígena. o nosso mundo metafísico é o da solidão, quer dizer, o do isolamento (é um mundo vazio), e o deles o da superpopulação”. certa vez, num debate com ele, falamos que a partir do aparecimento da cultura digital, da troca do produto pelo processo e dessa superpopulação virtual dos contatos, por Msn, Orkut, celular, Twitter, se nós não estamos nos transformando em índio. e ele respondeu: “sim, só que no pesadelo dos índios”.
Para mim a questão é um pouco diferente: se a gente considerar a avalanche tecnológica, que é um termo já cunhado e entendido pelos especialistas em função da aceleração da aceleração tecnológica, a mudança é cada vez mais brutal. Se você pega a Lei de Moore, que faz mais de 40 anos que está acontecendo, de a cada ano e meio dobra a capacidade de tecnologia, isso traz uma evolução brutal. A tendência parece que é continuar assim. Conheci há dois anos atrás um grego, Konstantinos Karachalios, que fez a seguinte observação: “Se você considerar o progresso tecnológico realizado no ano 2000 como uma ‘unidade de tempo tecnológico’, então calcula-se que o século XX teve, ao todo, 16 dessas unidades. Todo o século XX é equivalente a apenas 16 anos do progresso tecnológico medido pelo ano 2000; isto é, em termos tecnológicos o século todo poderia ser comprimido em apenas 16 anos, com desenvolvimentos cada vez mais concentrados em seu final. Levando em conta esse efeito de aceleração, você poderia imaginar quantas unidades de tempo tecnológico nós e nossos filhos vamos experienciar (e ter de enfrentar) durante o século XXI? Aparentemente, haverá mais do que 100, mas você pode imaginar quanto? Bem, se você simplesmente extrapolar a tendência atual, assumindo que não ocorrerão desastres em larga escala e a longo prazo, pode ser que tenhamos que lidar com um progresso tecnológico equivalente a 25.000 anos (baseado na tecnologia do ano 2000) dentro de duas gerações. Mesmo que você considere ‘apenas’ 1000 anos, teremos que enfrentar desafios semelhantes aos que a maioria das populações da África ainda está enfrentando, populações que foram catapultadas da idade da pedra ou do ferro na modernidade, dentro de 2-3 gerações.” Calcule qual é a taxa de aceleração. Quem vai agüentar o impacto dessa compressão do tempo? O que significa isso? Significa que nós somos neoprimitivos com relação à própria sociedade que a gente está vivendo. E é aí que a gente se encontra com os yanomami. É uma noção que a gente inclusive precisa aprender com esses outros povos. Como é que eles também lidam, quando eles fazem a relação entre a evolução deles com a nossa evolução? Porque eles também lidam com temporalidades muito diferentes, só que com uma diferença: no caso deles, eles têm que lidar com a temporalidade da outra sociedade; a sociedade não é a deles.
Portanto, eles podem respirar de vez em quando, a gente não.
E com essa aceleração não é possível qualquer tipo de decantação da experiência. Qual é a cientificidade operatória deste novo mundo que está por vir? É recombinação. Mas a lógica da recombinação, segundo o que que ela impera? Não é mais o critério moderno, é tudo processual. Portanto, não haverá mais espectador, porque está todo mundo envolvido no processo, com diferentes graus de inserção, com relação à tecnologia. A experiência não conta mais, o sujeito mais velho não tem nada para ensinar para o mais jovem porque a experiência acumulada não conta mais. Porque se você não estiver fazendo um upgrade permanente do seu conhecimento, e das suas ferramentas, você perde o pé desse processo.
Existe então uma contribuição brasileira para este cenário?
O meu maior problema com o Brasil é que existe uma riqueza enorme e há um déficit de pensamento sobre o potencial dessa cultura nessa nova configuração que a gente vive e, sobretudo, no novo papel que esse país assume nessa redistribuição geopolítica pós-derretimento dos mercados. A chamada inteligência brasileira, com raras exceções, ainda não percebeu a mudança evidente que está ocorrendo. E nem as possibilidades que estão se abrindo – e isso eu acho gravíssimo do ponto de vista da política. A diferença com relação ao primeiro mundo vai ser a possibilidade de engatar com a cultura daqui, junto com essa tecnologia, fazendo uma outra coisa, que não aquilo que o centro, digamos, que o mundo euro-americano fez. Os chineses estão fazendo isso, é o que os indianos estão fazendo, é o que, de certo modo, é cobrado de nós, mas não existe pensamento sobre isso aqui. Os chineses fizeram o movimento da cultura tecnocientífica euroamericana, se apropriou daquilo e, ao mesmo tempo, engatou aquilo com a cultura do tradicional que ele tem. E ele joga nos dois tabuleiros. Os indianos fazem a mesma coisa. Como o Brasil nem reconhece que a tem uma cultura brasileira que não seja aquela que espelha o ocidente, não pode dar ainda esse passo.
E não só culturas outras, mas tecnologias outras também.
Se você começa a revalorizar e reconhecer que existem tecnologias outras, que são interessantíssimas do ponto de vista de uma perspectiva da informação. Se você considerar nessa perspectiva, o valor dessas culturas indígenas, por exemplo, começa a ser fabuloso. A questão volta para a noção que a gente tinha do que é arcaico e do que é moderno. Tem que ser repensada, na verdade, porque nós não queremos supor que esses povos são idiotas e que eles ficaram 3.000 anos parados no tempo. É claro que eles desenvolveram uma outra coisa, que não é o caminho que a gente tomou. Mas você chega para os xavantes, eles falam: “O avião foi a gente que inventou, só que a gente não desenvolveu.” Porque no entendimento deles não era necessário o desenvolvimento. O xavante fala isso, o yanomami fala isso a respeito de máquina, o outro povo vai falar várias coisas parecidas. Você vai sair do Brasil, você vai encontrar mais ou menos esse mesmo tipo de pensamento. Então se eles não estavam interessados em se desenvolver, eles estavam interessados em quê? Eu tenho uma suspeita, uma intuição de que tem dois movimentos: tem esse movimento de você ir para o mundo, para a dimensão virtual da realidade e voltar para atualização, que é o mundo, digamos, no qual se concretiza as potências desse virtual. E tem outro que é simplesmente mergulhar no virtual. Eu não tenho base nenhuma para afirmar isso cientificamente, mas eu tenho a impressão de que a fissura do ocidente é trazer das potências do virtual, concretizar a potência virtual e trazer de lá para cá. E a fissura dos xamãs é o contrário: é ir cada vez mais fundo para o virtual.
E a questão da posse sobre esses conhecimentos? de quem é, quem precisa ser protegido nesse sentido? os índios, o brasil, o mundo?
Eu acho que o Estado tem um papel fundamental nessa história, sobretudo porque a sociedade não se deu conta disso. E nesse sentido foi muito importante o entendimento que o Gilberto Gil tinha disso. O Gil é uma pessoa que tem um entendimento muito amplo de cultura, no qual cabiam essas certas articulações e passagens, digamos, da chamada cultura popular e das culturas tradicionais, até essa outra ponta. O que é raríssimo no Brasil. Tanto é raríssimo, que eu tenho a sensação de que isso não foi entendido pela intelectualidade brasileira o tanto que merecia ser. E o fato de uma pessoa como ele ter estado na frente do ministério tentando implantar essa estratégia, eu acho importantíssimo. Acredito que o desafio hoje, a minha maior preocupação é que se abram oportunidades para nós, do ponto de vista de cultura, no plano internacional, e pode ser que a gente perca essa oportunidade. Porque a sociedade brasileira não sacou nem que se abriu essa possibilidade. Se você não sabe nem que abriu, como é que você vai aproveitar uma oportunidade que está aí, que está passando debaixo do teu nariz? Eu acho que a discussão disso passa justamente por um entendimento de que a gente tem um potencial para desenvolver tecnologia. Você tem algumas pessoas trabalhando, inclusive nas artes plásticas, discutindo questão de software. Mas eu tenho um aluno de doutorado que quer fazer uma tese, que é o seguinte: “Por que os trabalhos de arte e tecnologia são, em geral, pobres, no sentido artístico, quando eles usam as novas tecnologias?” Porque eles, na verdade, têm uma idéia que aplica. Mas aquilo que é fundamental num trabalho de arte, numa obra de arte, que é a sensação, não está lá. A sensação está ausente. E por que a sensação está ausente? Porque os caras não sabem conciliar a relação com os aparelhos de maneira que você trabalhe a dimensão da sensação também.
Você se especializa em uma linguagem e esquece a outra.
No Brasil, se você é da área de artes plásticas, você não vai a concerto, se você é da área de cinema, você não vai a teatro. É tudo compartimentado, num mundo que não comporta mais isso. Você vê a discussão aqui e em São Paulo, que inclusive está ganhando novamente, para espanto meu, uma espécie de regressão formalista, que está começando a pintar na área de artes plásticas, que eu acho gravíssima. Na regressão formalista, você vai discutir o quê? Suporte. Numa era que já explodiram todos os suportes... O pessoal do cinema está defendendo o cinema contra a vídeoarte. Não faz sentido, num momento que está todo mundo tentando ver justamente as conexões transversais, você está defendendo o seu território, que é território disciplinar, que já morreu no moderno.
Quando se repensa o direito autoral, quando você repensa essas questões todas, como conseguir ao mesmo tempo incentivar e preservar as tecnologias existentes hoje, que são importantes?
É preciso a noção de preservação é diferente de conservação. Até para o meio ambiente, é a mesma coisa, assim como para a cultura. No meio ambiente, por exemplo, preservação não é preservar, só. Preservação é você ver o que há de valor ali. E não se trata de congelar aquilo, mas de permitir que, em função do valor específico e imanente que aquilo tem, possa continuar se desdobrando. Para aquilo poder se desenvolver ou se desdobrar (inclusive em direções que a gente nem sabe quais são), é claro que contaminados pelo que está acontecendo no mundo. Porque eles não estão isolados do mundo, então vai ter uma hibridação, vai ter mesmo contaminação. Mas não é isso que é grave. Uma cultura tradicional não pode ficar congelada no que ela é. Mas nem eles estão pedindo para ficar congelados. O que eles não querem é que você chegue com a sua cultura e coloque uma pedra em cima de tudo que eles estão fazendo. Mas não existe só essa alternativa: ou você deixa essas culturas intocadas ou você perverte essas culturas. E aí sim, se você está falando de uma política de Estado, você está falando da necessidade de abrir canais para que o potencial que essas culturas têm (que elas desenvolveram por elas próprias), e que o Estado pode ajudar, que outros setores possam ajudar para que elas continuarem produzindo diferenças. Porque quanto mais diferenças produzir, melhor (e melhor do ponto de vista da cultura como um todo, e não só daquele grupo). É absurdo a gente pensar, por exemplo, que você de certa forma preserva um grupo e que o benefício dessa preservação é do grupo. É claro que ele é do grupo, a preservação de uma cultura tradicional é importante para todos. Até porque ninguém sabe do vai poder precisar no futuro para a construção de futuro. Nós vamos estar com uma diversidade cada vez maior, porque o mundo está ficando cada vez mais complexo.
Oswald de Andrade falava do homem natural como tese, o homem ocidental como antítese e o homem natural tecnizado, como síntese...
Eu não endossaria essa perspectiva justamente porque eu acho que não tem natural de um lado e cultural-artificial do outro. Para mim, de todos os lados têm natural e cultural. Até a Amazônia não é puramente natural, e cada vez mais os arqueólogos estão dizendo que é coisa de índio, é terra produzida. É uma concepção de jardim, na verdade. Você sobe o rio Solimões, vê no barranco do rio que ali é uma passagem; tem um estrato. Abaixo do nível da superfície do barranco, você vê um pedaço do que eles chamam de terra preta de índio, muitas vezes, porque é cheio de caco de cerâmica. Aquilo foi produzido por gerações anteriores de populações indígenas, que estavam ali e que deram um up naquela terra, porque eles sabiam que aquela terra era pobre do ponto de vista só natural. Aquela floresta ali foi produzida. E se você for perguntar para o yanomami o que é terra para ele, a concepção dele de terra vai ser floresta. E nisso cabe: a sociedade dos homens, a sociedade dos animais todos, a sociedade dos espíritos e cabe tudo aquilo que a gente chama de mundo físico e que para eles não é só físico. Portanto, aquilo é cultural também, não é natural. Não há um homem natural, um indígena que seria o homem natural, em contraposição a nós, que seríamos um homem cultural. E depois se tentaria fazer uma síntese, somando o natural com o cultural, mas que eles façam em termos opostos. Não. Tem natural cultural lá, tem natural cultural aqui e onde existe o humano existe natural-cultural. Inclusive no digital.
in Cultura Digital.br – Rodrigo Savazoni e Sergio Cohn (org.); Rio de Janeiro: Beco do Azougue, 2009.
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