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quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

São Mateus




Há algum tempo, mais ou menos na época do lançamento do disco São Mateus Não É Um Lugar Assim Tão Longe do Rodrigo Campos, venho falando que é sintomático que a evolução do samba se dê nas periferias. De São Paulo.
(Veja aqui e aqui).
Defendo também que o tratamento que o Rio de Janeiro da a cultura, com uma defesa ingênua da tradição, somente congela a produção num idealismo besta e anti-cultural.

Hoje para minha surpresa topei com isso aqui:

"O SAMBA EM NOITES DE GALA. EM SÃO PAULO, CLARO.
Por: Nei Lopes
Imagine o visitante do Lote uma orquestra de samba com bem uns 30 músicos,
tocando arranjos simples mas ensaiadíssimos e habilmente regidos; diversos e
bons intérpretes, apoiados por um coro misto de 10 vozes; um roteiro
impecável, com direito a algumas coreografias dos ritmistas; o improviso do
partido-alto pontuando alguns quadros; todo mundo bonito, bem vestido, num
palco artisticamente iluminado e com uma sonorização na medida.
Pois foi assim o lançamento, no SESC Pompéia, no último fim de semana, do CD
“O Berço do Samba de São Mateus”, produzido pela rapaziada do Quinteto em
Branco e Preto para o SESC e contando com texto de apresentação do Velhote
do Lote.
Produção do cada vez mais competente Carmo Lima, o grande produtor do bom
samba hoje em São Paulo, os dois espetáculos – que dão seqüência a um turnê
iniciada na bela e moderníssima unidade Itaquera e que vai contemplar todos
os SESCs de São Paulo – deixaram de alma lavada quem os assistiu. Prova do
poderio e da Cultura diversificada e descolonizada que se pratica hoje na
organização brilhantemente dirigida pelo sociólogo Danilo Miranda, eles
atraíram um publico numeroso, que lotou a ampla Choperia, tanto no sábado
quanto no domingo.
Enquanto em outras “praias” só se entende a cidadania em forma de “oloduns”,
capoeira, rap e hip-hop, o SESC vai bem mais longe, incluindo também, na sua
luta contra exclusão, o Samba - que só é “velho e ultrapassado” para os
tolinhos ou mal intencionados; que se renova e diversifica a cada momento; e
que está batendo um bolão, bem vestido, cheiroso, brilhante e iluminado...
em São Paulo. "


Apesar do argumento do Nei estar recheado de um preconceito burro que enxerga na produção negra-periférica do Brasil um erro contra a tradição, ele também percebe o samba se redimensionar, o túmulo do samba se pronunciar.

Pouco a pouco, os olhos se voltam praquele lugar, que não é tão distante assim...


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terça-feira, 26 de maio de 2009

Zabé como Zumbi e Zeca

A impressão vívida e assustadora de morar no Rio de Janeiro é densamente justificada pela sensação de estar numa reserva natural do Samba.

O Rio de Janeiro, como uma criança pirracenta, vive uma constante necessidade de ser adulada. Culturalmente, a cidade vive um alongado e profundo remorso pela perda do status de capital federal e cultural do país. E, como que num ato de intensa loucura, junta os cacos de um complexo e desfigurado mosaico de profundas estruturas culturais de uma cidade perdida no século XX. Em suma, a necessidade de recriar o choro e o samba, de elevá-los ao ponto máximo de produção cultural brasileira, soa esquisito e desnecessário.

Alguns comentários:

1. No sábado estive em Belo Horizonte para visitar minha família. À noite, meus pais iriam ao show do Zeca Pagodinho no Chevrolet Hall e eu decidi me juntar a eles.
O show é muito bem produzido, musicalmente e esteticamente, o som, por incrível que pareça, estava muito bem equalizado e nítido. E a presença do Zeca, arraigada de uma cultura brasileira densa, de decisões claras e medidas, com um fortíssimo apelo popular, emociona. Na mesma medida que me emocionaria assistir a um show do Roberto Carlos.

No entanto, pareceu-me, enquanto assistia ao show, que via uma série de pequeníssimas colagens de retorcidos retratos cariocas de cultura. Um estranho flash-back, mas num tempo parado, como numa visão de um quadro. No fundo, o show pareceu-me uma pequena amostra de linhas evolutivas; a década de oitenta e a nova percussão ala Fundo de Quintal, a revitalização das antigas casas de gafieira na Lapa, as novas configurações carioca de samba que conferem ao “morro e ao asfalto” uma maior dependência, o pagode como romantização e popficação das estruturas semânticas e musicais do samba, etc. Tudo isto estava colado, e tudo isso estava parado no tempo, congelados num show do ser máximo do samba carioca. Talvez, por isso emocione.

2. O túmulo do samba se pronuncia





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