
Eu venho escrevendo bastante sobre música paulista nos últimos tempos. Na verdade, venho escrevendo sobre uma turma paulista mais focada na possibilidade de hibridação da canção por um viés mais pop. E é uma turma que me interessa bastante; que tem no seu trabalho o resultado de uma consciência (mesmo que inconsciente) profundamente colada à tradição sócio-cultural brasileira de fluxos migratórios caracterizados em larga medida por nordestinos-paulistas e mineiros-cariocas.
Penso que Rômulo Fróes, Mariana Aydar, Curumin, Tatá Aeroplano, estão para música atual como Árido Movie, Baixio das Bestas, Céu de Suely, dentre outros, estão para o cinema. Uma espécie de indigestão cultural, de atropofagia que deu errado e resultou numa esquisitíssima coleção de pequenos artefatos culturais. Um pouco de reggae com Japão-Pop, de rock-inglês com mangue-bit, de tecno-brega com música romântica. E o mais interessante é perceber que estes são um processo e resultado íntimos do pensamento atual paulista; e aquilo que de alguma forma brotou noutros lugares, como os +2 e o Do Amor no Rio, ou Mombojó e China em Pernambuco (que aliás são passíveis de outras análises) são resultado, muitas vezes, do seu encontro com SP.
Qualquer análise é, por necessidade, uma generalização dos fatos; uma simplificação. Colocar Céu e Rômulo Fróes no mesmo balaio dói até em mim (Inclusive, ultimamente, tenho pensado bastante em escrever um post sobre como o lançamento do disco Ventura do Los Hermanos –para muitos, esta análise deveria ser feita a partir do lançamento do Bloco do Eu Sozinho- possibilitou o nascimento do “samba com guitarras”).
De qualquer maneira, eu escrevi tudo isso somente para dizer que a figura brasileira atual mais representativa de um diálogo profícuo entre o traço que de alguma forma caracteriza o Brasil -e suas relações internas que revelam suas demarcações sociais e culturais- e os movimentos que geram cultura no mundo é a Céu.
E meu melhor argumento é este

Depois a gente conversa...
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